25.11.12

SARAU DO BAR DO FRANGO - DIA 27 DE MAIO - DOMINGO - A PARTIR DAS 19H

BAR DO FRANGO CONVIDA
PARA O SARAU DE MAIO
DIA 27 DE MAIO - DOMINGO - A PARTIR DAS 19H
ENTRADA FRANCA
ACEITA CARTÃO DE DÉBITO
AV. SÃO LUCAS, 479 - PRQ. SÃO LUCAS - SÃO PAULO - SP
PRÓX. IGREJA SÃO FELIPE DE NERI
O Encontro de talentos que acontece sempre no último domingo do mês.
Quando você é o artista, dando o seu recado em musica, poesia, arte cênica
Ou qualquer manifestação que acene pra arte-cultura em seus variados aspectos.

22.2.12

Só acontece no Bar do Frango

Junte-se à magnífica trupe de artistas populares genuínos, João Bá, Katya Teixeira, Vital Farias, Antonio Pereira, Dércio Marques, Elomar, Vidal França, Graziela,
Dani Lasalvia, Lula Barbosa, Tarancón... Tantos e tantos outros que singram por sertão e mar, campos, cerrados, vilas e cidades de nossa terra!".
Quer saber como??
Frequentando o Bar do Frango!
Lá pelas oito da noite, a partir das quartas-feira...
Fica na Avenida São Lucas que começa na Rua do Oratório.
Depois da Igreja, no fim da rua em frente à pracinha
e a um jeep mil novecentos e pouco do Tatau, proprietário da Casa.
Como diria o locutor do Serviço de Alto Falante da Praca da Matriz:
não cobra para entrar e nem para sair, não tem telefone e não tem filiais.

Ah!! No último domingo de cada mês, acontece o Sarau, que é mensal;
O Sarau do Bar do Frango, onde artistas consagrados e amadores se misturam
pra dar a sua cooperação artística, em musica, em poesias e afins artísticos

20.2.12

"Formigueiro de Talentos" - A impressão de quem frequenta a casa pela primeira vez

História publicada em 16/10/2008
Autor(a): Joel Emídio da Silva

São Paulo, como todas as cidades do mundo, tem seus bares e os mesmos são importantes na vida de muitos de seus habitantes. Não falo, evidentemente, dos bares como lugar pernicioso de bebedeiras e descontrole, mas sim como pontos de encontro e mesmo como centro de discussão.

Quem, dentre os moradores mais antigos - ou nem tão antigos assim - não se lembra do famoso Riviera Bar, ali na esquina da Avenida Paulista com a Consolação, onde, nos idos anos 70, criou muitos de seus famosos personagens, dentre eles o Bode Orelana, Capitão Zeferino, Ubaldo, o Paranóico, Gato pingado, além do Cabôco Mamadô, O Preto que Ri, Graúna, Onça Glorinha e Grauninha.

E muitos e muitos outros bares. Se Paris é famosa por conta de seus cafés, São Paulo tem, dentre seus pontos fortes, incontáveis bares, que fervilham pelos quatro cantos da cidade. Vila Madalena, partes da região de Pinheiros, Vila Mariana, a região central, nas imediações da Praça Roosevelt, são pontos de referência entre aqueles que preferem a noite para circular pela cidade, longe da confusão barulhenta, da azáfama diária. Porém, hoje aqui, quero começar a falar de bares que, embora não tenham o glamour das áreas nobres, oferecem alternativas de entretenimento, lazer e cultura.

Há tempos desejava conhecer o Bar do Frango, localizado no início da Avenida São Lucas, na região do Ipiranga. Conta-se à boca pequena que por lá se apresentam grandes nomes da música popular brasileira, para deleite dos privilegiados conhecedores do "caminho do peabirú", que leva ao Bar do Frango. O chamado caminho do peabirú são antigas rotas dos habitantes primeiros da América do Sul, os guaranis. Eram trilhas demarcadas que os ajudava a não se perder nas matas. Com a chegada dos invasores brancos, esses caminhos foram camuflados e seu conhecimento ficou restrito a poucos iniciados. Diz a lenda que, até os dias de hoje, os sinais do "caminho do peabirú" ainda estão por aí, imperceptíveis...

Aprazível lugar, diga-se, tendo diante uma praça, onde meu cavalo, o Murzelo Alazão, se refestelou feliz nas tenras gramíneas que por ali crescem abundantes. Aparentemente, um boteco como outro qualquer do sertão paulistano. Aparentemente, pois ao adentrar no lugar logo vimos tratar-se de verdadeiro templo, onde grande parte da elite da cultura popular se concentra.

Na noite em que lá estive, por exemplo, lá estava o cantador Antonio Pereira, incansável pesquisador das coisas do Norte. O Antonio é uma das melhores vozes masculinas já surgidas no cenário musical brasileiro nos últimos tempos, não se compreendendo a ignorância da mídia a seu respeito, sendo que ele já está na estrada há uns quinze anos, pelo menos. Belíssimo timbre, por vezes lembrando Milton Nascimento em suas melhores performances, lá pelos inícios do Clube da Esquina. Assim, de chofre, muitos podem ignorar a existência desse cantador de voz privilegiada, porém, quem o ouvir, jamais esquecerá.

Com o raro dom dado por Deus, Antonio Pereira louva a natureza, celebra as musas e o amor e tudo o que é belo, tal qual o Uirapurú (aliás, depois de ouvi-lo, andei a cismar se esse Antonio não seria o Uirapuru disfarçado de gente!). E na platéia, gente bonita e ilustre, como, Dani Lasalvia, Amauri Falabella, João Ba, Graziella Hessel e outros. Lá pelas tantas, ocorre algo mágico: uma espécie de "banda dos sonhos", quando sobem ao minúsculo e apertado palco João Bá, Dani, e, junto com Pereira, entoam Cachoeira do Araçá, de autoria de João Bá, numa cena de verdadeiro arrebatamento de talento e emoção.

Perante o descalabro que ocorre com nossas instituições culturais, políticas, de ensino, etc., que reduzem a zero o exercício da cidadania, lugares como o Bar do Frango e o Espaço Sérgio Mamberti constituem exceções à regra, resistindo bravamente como nichos. O abandono e descaso por parte dos poderes públicos e a miopia da mídia, que insiste em fingir que nada sabe e nada vê, preferindo iludir as massas com superficialidades e sensacionalismos baratos, avança como câncer, e as nossas puras manifestações tradicionais são relegadas e associadas ao atraso.

Felizmente, muitos artistas e agitadores culturais abnegados, não afeitos ao sucesso fácil, atuam como troncos sólidos em meio à tempestade, e assim se tornam ilhas de resistência em meio à barbárie. Ao longo do tempo esses focos de resistência lutam bravamente e insistem em preservar e semear, mesmo na aridez da insensibilidade e intolerância. Felizmente, a alma humana é terreno fértil, e flores e frutos saborosos desabrocham. O trabalho de resistência de gente como Elomar, Dércio Marques, João Bá, Zé Gomes, Ariano Suassuna, Vidal França, Inesita Barroso, Rolando Boldrin, Kátia de França, Rubinho do Vale nas Gerais, Patativa do Assaré, Gonzagão, Adoniran Barbosa, Cartola, Chico Maranhão, Papete, Vital Farias e tantos e tantos outros, atraem seguidores de talento como Xangai, Kátya Teixeira, Victor Batista e Cláudio Lacerda. Além deles, Amauri Falabella, Antonio Nóbrega (discípulo de mestre Suassuna e Antonio Madureira, já com sólido e próprio caminho), o poeta e cantador mineiro Alexandre Saad, o grupo paulistano-mineiro Nhambuzim, o grupo Cataia, e tantos e tantos outros talentos. Como disse uma vez o maestro Zé Gomes, "esse país é como um formigueiro, basta mexer que os talentos eclodem e difícil vai ser segurar!".

Por ora, lugares como o Bar do Frango e o Espaço Sergio Mamberti acabam por se constituir exceções e assim, "lugares para poucos". Porém, sendo um "formigueiro de talentos", se cutucarmos, a chama se expande. Espalhemos, portanto, a idéia; comemos pelas beiradas, como diz o caipira... Por ora, trata-se de lugar seguro, onde os troncos principais, a seiva vital de nossa identidade cultural, persiste como tesouros perenes, incólume à força devastadora do monstro devorador de consciências que, em falta de melhor denominação, chamaríamos "mercado de fácil consumo".

Os sinais que identificam o "caminho do peabirú" estão por aí, espalhados pelas "veredas" - ruas, travessas, ruelas, ladeiras, esquinas, avenidas - do sertão paulistano, disfarçados de botecos aparentemente comuns como o Bar do Frango.

Creio firmemente que os nossos bares constituem-se, na nossa paulicéia, ao equivalente aos famosos cafés parisienses, dada a efervescência cultural que nos mesmos se adensa - pra não falar nos verdadeiros cafés paulistanos. Assim, nada como uma boa conversa de bar, se possível temperada por boa música. Quem tem ouvidos para ouvir e olhos para ver, que vejam e ouçam. A cultura é como o Sol: é de todos!

Obs.: História originalmente publicada no blog www.sertaopaulistano.blogspot.com